quarta-feira, 30 de março de 2011

[Sobre muitas coisas...]


Após passar por um surto criativo intenso e expurgador escrevendo muitos poemas em um curto espaço de tempo, agora estou na calmaria, e a prosa está tentando de todos os jeitos tomar conta de uma mente que muito tem a falar dos últimos tempos.
Confesso que nessa intenção vou me aperfeiçoando nas metáforas, afinal, o que seria de mim sem elas? Eu acho que simplesmente não escreveria se elas não existissem. Explicando melhor, acredito que o que eu escrevo não deve ser definitivo, pronto, acabado e sim, aberto para a compreensão que o outro (leitor) poderá tirar para si dentro do seu próprio contexto de vida e de experiência que esteja passando. Aí está verdadeiramente o lugar do escritor/poeta, transmitir algo abrindo as possibilidades de compreensão.

Ando bastante reflexivo nos últimos tempos, tudo que me acontece anda sendo um pedido de análise, olhar com cuidado, uma pausa com alucinações cheias de verdade. Volta e meia consulto o dicionário para entender o real significado de palavras chaves, a fim de facilitar esse processo de compreensão. A vida vai se mostrando como ela é ou deve ser na sua essência, as pessoas vão passando pela pineira da seleção natural, fato este que me deixa muito assustado, muitas não atravessam a pineira para ficarem na sua vida porque elas não querem. Chega até a ser chocante em alguns casos... mas tudo bem, a vida é assim mesmo... e como bem diz aquela música de Milton Nascimento "tem gente que chega pra ficar, tem gente que vai pra nunca mais", e assim vou seguindo tentando olhar pra frente mas não deixando totalmente de olhar o que passou.

Essa falta de clareza não me permite escrever em verso, sinto então a necessidade da prosa para tentar ser mais preciso...

Pode ser este o post mais sem sentido do meu blog até hoje, considerando que os demais foram bastante pontuais. Mas estou sentindo a necessidade de me comunicar, e escrevendo eu consigo atingir este estado.
Tantas coisas boas acontecendo na minha vida, um milhão de oportunidades de ouro ao mesmo tempo, temo até não conseguir suprir todas, mas já passei por tantas coisas e já enfrentei outras tantas na vida com apenas 21 anos de idade, que a minha força vai se renovando a cada desafio. Se 2010 foi um ano das maiores oportunidades que me surgiram, 2011 em seus 3 meses já me deixa sem fôlego.

O teatro mais uma vez está sendo meu apoio mais sincero, apesar de ser quem mais está me exigindo, por outro lado, também é o que mais me consola nas minhas lamuriações. Montar "As Bruxas de Salém" não poderia ter vindo em momento melhor, no que diz respeito à significação que isso sugere a mim particularmente... caçar as bruxas em si mesmo e nos outros será uma tarefa surpreendente em todos os sentidos.

"Não sei onde vou chegar, só sei que estou no caminho."

Até qualquer hora.

OBS: Este post será alterado várias vezes, na medida que eu for me lembrando dos assuntos que quero tratar, venho aqui e complemento.

terça-feira, 22 de março de 2011

Eu temia...

Hoje recebi essa mensagem, e gostaria muito de compartilhar com os meus amigos/leitores, vale a pena conferir e acima de tudo refletir.

EU TEMIA...

Eu tinha medo de ficar só até que aprendi a gostar de mim mesmo.

Temia fracassar...
Mas percebi que só fracasso se desistir.
Eu tinha medo do que as pessoas pudessem pensar de mim...
Até que percebi que o que conta realmente é o que penso de mim mesmo, com consciência, lucidez e humildade.

Eu temia ser rejeitado...
Até que percebi ter fé em mim mesmo, que sou meu maior companheiro.
Eu tinha medo da dor...
Até que percebi que o sofrimento só me ajuda a crescer e afasta de mim a arrogância.

Eu temia a verdade...
Até descobrir que a verdade é um espelho quebrado em mil pedacinhos.
Ninguém é dono da verdade,
Pois não tem mais do que um caco dela.

Eu temia as perdas e a morte...
Até que aprendi que as perdas não representam o fim, mas o início de um novo ciclo.
Temia o ódio...
Até que aprendi que o ódio é um veneno que a pessoa toma pensando atingir o outro.

Eu temia o ridículo...
Até que aprendi a rir de mim mesmo.
Temia ficar velho...
Até que compreendi que posso ganhar sabedoria a cada dia.

Temia ser ferido nos meus sentimentos,
Até que aprendi que ninguém consegue me ferir sem minha permissão.

Temia a escuridão...
Até que entendi a importância da luz de uma pequena estrela.
Temia mudanças...
Até que percebi as mudanças pelas quais tem que passar uma bela borboleta antes de poder voar.
Eu ainda tinha medo de ficar só,
Até que aprendi que a única pessoa que estará comigo em todos os momentos da minha vida sou eu mesmo!

Vamos enfrentar cada obstáculo à medida que apareça em nossas vidas com coragem e confiança.

E não esqueça:
Nunca desista de você!!!

sábado, 19 de março de 2011

Otelo, O Grande

FONTE: Jornal CORREIO de Uberlândia - 19/03/2011
http://www.correiodeuberlandia.com.br/pontodevista

Na Grécia Antiga acreditava-se que a memória era sobrenatural, um dom a ser exercitado, é uma referência clara à deusa ‘Mnemosyne’, mãe das Musas, que protegem as artes e a história, já para os romanos a memória era considerada indispensável à arte. Sendo assim, acredito se tratar de uma faculdade humana individual e coletiva que deve ser continuamente alimentada, consultada e inegavelmente preservada.

Trazendo para o nosso contexto espacial e peculiar, quando reflito sobre o termo memória, correlaciono a um estímulo automático, particularmente me prendo às biografias — que vou chamar aqui de sucessões de acontecimentos simultâneos, ou não, que resultam em algo maior que se desprende do tempo e lugar tornando-se um bem universal — partindo dessa reflexão, o nome que mais vibra é o de Sebastião Bernardes de Souza Prata, o Bastiãozinho da antiga São Pedro de Uberabinha.

Para escrever, quero me descolar drasticamente dos últimos acontecimentos, onde o nome dele é lembrado apenas como um espaço cultural interditado, pois temo me retirar paulatinamente do meu foco principal, que é ressaltar a memória de um dos maiores artistas que o país já teve e que é filho desta terra, o Grande Otelo, mas não o teatro, e sim o artista, o mesmo desinibido que cantava e dançava maxixe para os hóspedes do extinto Hotel Goyano (atual Edifício Rubens De Freitas), a figura exótica que estudava na Escola Bueno Brandão, que tinha medo de passar na frente do cemitério, e cujo talento ganhou os palcos do Brasil e do mundo.

Apesar da vida dura de grandes dificuldades e das tragédias pessoais, o trabalho de Grande Otelo contribuiu decisivamente para a criação de uma linguagem nacional de teatro musical, que ficou expressa por meio do brasileiríssimo teatro de revista. Fato este que ficou marcado na história do teatro brasileiro e foi devidamente tratado na última biografia lançada: “Grande Otelo, uma biografia”, de Sérgio Cabral.

Com uma carreira rica no teatro, no cinema e na televisão contemplada não somente como ator, mas também como cantor, compositor e poeta. Grande Otelo era muito admirado no meio artístico. Bibi Ferreira, uma das atrizes brasileiras mais importantes do século 20 e ainda em atividade, disse em depoimento: “Eu poderia falar páginas e páginas sobre Grande Otelo como amigo, colega ou ator. Resumo tudo no que outros já disseram, Otelo é gênio. Simplesmente isso”.

Um artista negro, numa época em que o preconceito não era velado, e sim bastante escancarado, enfrentou grandes percalços para fazer história e se tornar o uberlandense mais ilustre, contudo, acredito que ele não queria ter monumentos em sua homenagem, e sim que as pessoas e a memória da cidade se lembrassem dele e se apropriassem, como verdadeiramente era, um grande artista, o nosso Grande Otelo.

Buscar o contato com a história de Sebastião Bernardes de Souza Prata não é apenas idolatrar um conterrâneo é, acima de tudo, reconhecer nele a nossa força e capacidade de atingir o que a primeira vista nos parece impossível, é também consolidar um exemplo de vida e firmar uma referência da nossa gente perante o mundo. Não è a toa que o nome de Grande Otelo está sendo entoado neste momento em que a população pede cultura e mais espaços para a arte teatral.

Eduardo Humbertto
Estudante universitário
eduardohumbertto@hotmail.com