quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Vocalidades

Por Eduardo Humbertto

As palavras pecam
pelo excesso de sinceridade.
Como um ‘repeat’ quebrado
as facetas de uma mesma voz
me enlouquecem...

As nuances trazem
a fragilidade como sub-texto,
e mais uma vez
acredito em tudo,
atribuindo um atestado de
                                        [confiança].

O tempo, o vento e a vida
não permitem que as palavras fiquem,
apontam para o lado
                               [oposto]
e esperam a minha reação.

Ah! Se ao cessar dos olhos
o silêncio fosse pleno.
Não foi, não é e nunca será.
O que é vivo no coração
lateja por todos os poros em ondas sonoras de esperança.

* Poema finalista no Prêmio SESC de Poesia Carlos Drummond de Andrade 2011 - SESC-DF. 
* Vai integrar a  Antologia do Prêmio com publicação prevista ainda em 2012.

terça-feira, 4 de setembro de 2012

Alívio

Por Eduardo Humbertto


Hoje me permito
questionar o que se passa,
observo um objeto que
 sempre esteve aqui
                              [e por tempos desprezado].

O empoeirado é um atrativo,
as folhas em branco pedem atenção,
preencho o bloco do poeta e,
venero aquela que chega, a inspiração.

Escrever sempre será
o meu impulso primeiro,
nunca pontual ou autoritário,
de atravessar as fases e...
                                       [saborear os sentidos].

Com a coragem, antes ausente,
 busco a firmeza dos rascunhos,
este combinado de lápis e madeira pálida,
que escondem o que senti um dia e
                                                     [ficou eterno].

sábado, 25 de agosto de 2012

O teatro de rua faz história no bairro Fundinho

HUMBERTTO, Eduardo. O teatro de rua faz história no bairro Fundinho. Jornal Fundinho Cultural. pg 10. Agosto/2012, Ano IX. Uberlândia-MG.

Fotografia: Simone Guaratto

            O sol vibrante e o frio surpresa foram os ingredientes de uma tarde mágica na Praça Clarimundo Carneiro, dentro da programação do Festival Latino Americano de Teatro Ruínas Circulares – 4ª Edição, o bairro Fundinho foi o palco de um dia histórico para o teatro na cidade e toda a região.
              O Grupo Tá Na Rua (RJ), um dos mais importantes e tradicionais do país no que diz respeito ao teatro de rua e referência também no exterior, presenteou a comunidade uberlandense com a apresentação do espetáculo “A Revolta de São Jorge Contra Os Invasores da Lua”, que ocorreu após um Cortejo Teatral no centro da cidade, findando-se na Praça Clarimundo Carneiro. Seus mais de 20 atores contaram a história da chegada do homem à lua e como São Jorge reagiu a esta invasão em seu território, com muita música e guiados pelo diretor/narrador Amir Haddad, grande nome das artes cênicas no Brasil, os atores encenaram a fábula com alegorias, muita expressividade, contato direto com o público e entusiasmo contagiante.

                 O Festival Latino Americano de Teatro Ruínas Circulares é uma realização da Universidade Federal de Uberlândia, e em sua quarta edição trouxe o tema: O Teatro e a Rua. Foi também um momento de prestar homenagens a personalidades do teatro brasileiro: a atriz Ana Carneiro (Professora do Curso de Teatro/UFU) e ao ator e diretor Amir Haddad, ambos são membros fundadores do Grupo Tá Na Rua há 32 anos.

                  As atividades do festival foram espalhadas pela cidade dando possibilidade de acesso para grande parte da população, e claro, o bairro Fundinho mais uma vez foi protagonista de momentos que só a memória tem a capacidade de recriar e guardar para a posteridade.

Eduardo Humbertto
Graduado em Teatro pela
Universidade Federal de Uberlândia
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Confira a versão impressa do Jornal FUNDINHO CULTURAL, pode ser encontrado em diversos pontos da cidade.


sábado, 11 de fevereiro de 2012

[BUDDHA...]


"Não acredite em algo simplesmente porque ouviu. Não acredite em algo simplesmente porque todos falam a respeito. Não acredite em algo simplesmente porque esta escrito em seus livros religiosos. Não acredite em algo só porque seus professores e mestres dizem que é verdade. Não acredite em tradições só porque foram passadas de geração em geração. Mas depois de muita análise e observação, se você vê que algo concorda com a razão, e que conduz ao bem e beneficio de todos, aceite-o e viva-o." (Buddha)

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

ELIS: A chama ainda não se apagou


Por Eduardo Humbertto


Há exatos 30 anos, o Brasil era surpreendido com a notícia de sua partida, findava-se ainda no auge de talento e juventude, uma carreira brilhante e singular. ELIS REGINA CARVALHO COSTA, a “Pimentinha”, ou simplesmente “Elis” como preferir, se foi em tempos férteis da música brasileira, onde ela era a maior, inquestionavelmente, e o tempo teima em não dizer o contrário, mesmo após três décadas de ausência física. Me refiro assim, pois ela está presente, viva, jovem, radiante em sua melhor forma até hoje. Talvez seja esse o consolo por se morrer tão jovem e no auge do estrelato.

Não quero somente reforçar elogios à Elis e me perder em adjetivos batidos, mas me posicionar como defensor da memória artística e cultural do Brasil, que muitas vezes não é tratada como o tesouro imaterial que é, com raras exceções. Guardar a memória de um artista é preservar o retrato de uma época, de um sopro de vida em algum lugar do tempo que não coube apenas à época que pertenceu. Elis Regina é um exemplo disto, viveu intensamente uma carreira de poucos mais de vinte anos, que se desdobrou ao longo do tempo, chegando aos dias de hoje ainda como referência a ser alcançada.

Na tentativa de preservar sua memória e contribuição, somos convidados a redescobri-la, o que acontece naturalmente, devido à quantidade e qualidade do repertório que Elis gravou. Passando das mais conhecidas (Fascinação, Maria Maria, Como Nossos pais, O Bêbado e a Equilibrista, Águas de Março, Atrás da Porta), chegando para as menos conhecidas do grande público e com qualidade equivalente (20 anos Blues, Querelas do Brasil, Mestre Sala dos Mares, Agora tá, O rancho da goiabada, Marcha da Quarta-feira de Cinzas, Corrida de Jangada, Sabiá, Na Batucada da Vida, Caxangá, Velha Roupa Colorida, Meio de Campo etc), a cada nova descoberta de pedaços de um repertório tão extenso é como se ela ainda estivesse produzindo, viva como nunca, alimentando a admiração de fãs apaixonados pela música que só ela pôde transmitir com tamanha verdade e entrega, características estas, que mais admiro em um artista, verdade para lidar com a arte e entrega para fazer dela um ofício atemporal.

Este ano, em memória dos últimos 30 sem Elis, será um período de homenagens, relançamentos de discos raros, realização de uma exposição itinerante que passará pelas principais capitais, e apresentação de cinco shows de Maria Rita cantando músicas do repertório da mãe, algo ainda inédito e que promete grandes emoções. Elis se foi cedo, mas deixou uma legítima representante do talento, semelhante na aparência e na voz, mas com personalidade própria. 30 anos depois, Elis é uma chama que ainda não se apagou, e que ainda vai iluminar futuras gerações inspirando brilhantismo e personalidade. VIVA A MÚSICA BRASILEIRA.

"A voz continua, viva e límpida. Continua nos discos e nas fitas. E ainda mais viva e mais límpida na nossa saudade." Luiz Fernando Veríssimo