terça-feira, 31 de dezembro de 2013

(2013)... Um doce pedaço de tempo.


2013 foi o ano de dizer sim à evolução, e também trabalhar por ela com muito amor, afinco e honestidade.

2013 foi o tempo das reflexões mais profundas vividas até então, e elas não ficaram no plano das idéias, foi o momento de praticá-las, buscar ferramentas que auxiliassem e enfim, ter a clara noção de organização dos pensamentos, ações, reações.

2013 foi o tempo de cuidar da família, dar a eles a nossa presença de maneira verdadeira e autêntica. Nasceu nossa linda Maria Júlia para encher mais ainda os nossos corações de amor e felicidade.

2013 foi o momento de cuidar de todos que estavam próximos e também do que estavam chegando, amizades que são presentes preciosos marcaram de maneira muito forte este período.

2013 foi o momento crucial de revisitar todos os perdões de uma existência e revalidar os que necessitavam de um reforço. Este foi o maior feito de todos.

2013 foi o tempo de entendimento de que a felicidade depende, exclusivamente, de nós mesmos, é um estado de espírito que colhemos de ações anteriores, e sua duração depende da nossa gratidão e da capacidade do amor que podemos doar a nós mesmos e ao próximo.

2013 foi o tempo que a fé guiou todos os passos, não há palavras possíveis para descrever o quanto essa força vinda do Alto pôde auxiliar e transformar tudo ao redor.

2013 foi o período de dar valor às coisas mais singelas e simples. Uma boa conversa, um bom café, uma boa leitura, uma boa música, uma boa lembrança, uma boa peça de teatro, um céu todo estrelado, um céu todo iluminado pelo sol logo bem cedo, uma palavra amiga, uma demonstração de confiança, e por aí vai...

Enfim, 2013 propôs a reestruturação do ser com pequenos, e ao mesmo tempo, grandiosos passos, aos poucos novas direções foram apresentadas e abriram caminho para 2014 e todos os anos que ainda estão por vir.

Como dizia o nosso querido Chico Xavier: "Isso também passa", e claro que 2013 passaria, mas suas marcas são indestrutíveis, estão marcadas na minha alma e na de todos que estiveram de alguma maneira ligados a mim, seja presencialmente ou na forma de um pensamento positivo.

UM 2014 ESPECIAL A TODOS!!!

quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

Condenação


Ouvi seus passos,
corri na direção da porta,
me assustei com a sua imagem,
o longe que parecia se aproximar,
estava ainda mais distante...

Intui a sua mensagem,
mas não me permitiu escrevê-la...
A leitura não era lápis-papel,
e sim, olho no olho,
presença com presença,
e todos os sub-textos possíveis.

Eu e o poema
nos transpassamos numa via de mão dupla,
nas voltas do relógio o reencontro é inevitável.
Se ele soubesse que cá escrevo
e que sua aparição virou poesia,
estou condenado a ser poeta.

Sou o poeta agraciado
com a condenação das palavras não ditas,
dos sentimentos não preenchidos,
das dores abafadas,
e dos amores incuráveis.

A sentença não poderia ser melhor:
Escrever, escrever, escrever...
Tornar a efemeridade visível ao futuro,
e dela fazer o meu melhor instrumento de trabalho.

Por isso, arrisco e escrevo...
as dores se acalmam,
minhas palavras são ditas,
os sentimentos se reconfortam
e os amores se tornam bençãos.

terça-feira, 3 de dezembro de 2013

Azul-poesia

Eva Wilma como Blanca Estela Ramirez, em Azul Resplendor.

Uberlândia vive um novo e interessante capítulo de sua história cultural. Não que todas as dificuldades históricas de se fazer cultura tenham desaparecido de uma hora para outra, definitivamente não. Entretanto, o pleno funcionamento do Teatro Municipal nos mostra que um capítulo iluminado está sendo escrito a todo vapor e sua ambição maior é deixar marcado de uma vez por todas, o nome de nossa cidade no circuito nacional das artes cênicas.
A última emoção deste capítulo ainda em construção refere-se ao espetáculo “Azul Resplendor”, texto do dramaturgo peruano Eduardo Adrianzén, direção de Renato Borghi, grande nome do teatro brasileiro, e Elcio Nogueira Seixas. O palco do Teatro Municipal recebeu Eva Wilma, Pedro Paulo Rangel, Dalton Vigh, Luciana Borghi, Luciana Brites e Felipe Guerra para uma noite de homenagem aos oitenta anos de vida e sessenta de carreira de Eva Wilma.
A escolha do texto partiu da pesquisa sobre o teatro latino-americano realizada pelos diretores, que visitaram nossos vizinhos e colheram um riquíssimo material sobre a dramaturgia dos países e suas peculiaridades, o que vem se desdobrando em projetos, como a montagem de “Azul Resplendor”, e outros que ainda serão lançados.
Homenagear Eva Wilma e sua carreira brilhante é acima de tudo também reverenciar o teatro, essa proposta norteia toda a encenação, se desenvolve como uma metalinguagem sofisticada, pois encontra nos atores principalmente nos mais experientes, a sustentação necessária para a verossimilhança dos acontecimentos que envolvem os personagens e a realidade nua e crua dos profissionais de teatro, e da cultura em geral.
A metalinguagem é ainda mais poderosa quando se torna uma metáfora da vida em si, a chama de um fósforo que começa com a mágica da luz, avança para o fogo intenso, potente, até que, aos poucos, o calor se desvanece, e quando menos se espera, surge um azul semelhante ao usado para anoitecer os palcos, para assim chegar ao fim inevitável, seja do espetáculo, ou de uma existência. Esta imagem poética é impactante pela simplicidade, está colocada no início e no fim do espetáculo. O ofício do teatro é a própria metalinguagem da vida, isto porque, fazer teatro, estudar teatro, ver teatro nos liga diretamente com a efemeridade da vida e somos convidados a buscar em nós a melhor maneira de lidarmos com isso.
O conflito de gerações entre os personagens Blanca Estela Ramirez (Eva Wilma), Tito Tápia (Pedro Paulo Rangel) e os demais jovens atores, também é um tema bem exposto pela encenação, nos faz refletir como esse embate acontece no dia a dia em todos os setores da vida humana. O velho que é facilmente descartado para dar lugar ao novo, ao dito revolucionário, e muitas vezes sem nenhum embasamento que o qualifique, apenas a falsa pretensão da jovialidade de tudo querer modificar sem a sábia visão do amanhã.
Acredito ser importante deixar registrado momentos como este vividos
por todos que estiveram presentes nas apresentações de “Azul Resplendor”, pois vai além de apenas ter a oportunidade de conhecer pessoalmente o trabalho de atores consagrados e que costumamos ver pela televisão. É uma experiência mais profunda quando temos a real noção de que aquele momento da encenação não volta, mas suscitou em nós espectadores, questionamentos, dúvidas, lembranças, vitórias, fracassos e como o tempo vai nos auxiliando em colocar tudo em seu devido lugar.


Eduardo Humberto Ferreira
               Ator, graduado em Teatro (UFU)

FONTE: http://www.correiodeuberlandia.com.br/pontodevista/2013/12/02/azul-poesia/