
Há tempos que queria fazer um post especial a dois momentos importantes da minha trajetória literária, e agora que já tenho essas conquistas em mãos posso falar com mais propriedade sobre elas.
► A primeira foi com o
III Prêmio Literário Canon de Poesia 2010 (Livro Azul), concurso importante e de alcance nacional do qual me inscrevi e tive o meu poema "PROCURA-SE" como um dos 50 selecionados, em um número superior a 3.000 inscrições. Foi feita uma antologia com os ganhadores publicada pela Scortecci Editora (SP).
► A segunda foi a premiação no
1º Concurso de Poesias BELACOP Livros (Livro Vermelho), onde os poemas "Ruir-se" e "Pausa" foram contemplados para integrarem a antologia poética lançada pela editora e vendida para o todo o Brasil.
Após um período de ansiedade recebi os livros em casa, a emoção foi muito grande e importante como incentivo para continuar escrevendo, acho muito pertinente a existência desses concursos, pois eles muitas vezes são tudo o que um autor espera como contrapartida de sua produção literária, só obtemos um respaldo técnico do que é escrito com o retorno que temos dessas oportunidades. Isso tudo independe de prêmio financeiro, o mais importante é ver o que se escreve em circulação. Um autor compenetrado com o seu trabalho pensa nisso em primeiro lugar. Quero agradecer muito a oportunidade para a Canon do Brasil e à BELACOP Editora. Continuem com essas iniciativas que promovem a criação humana e a difusão da beleza por meio das palavras.Para quem ainda não conhece os poemas premiados, estão inseridos abaixo:
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Procura-se
Nos campos sinuosos da vida,
Estou à procura,
Sem saber do quê.
A pesquisa do que pode ser
É lenta, dolorosa, reflexiva, e até compensadora...
Cada passo neste caminho tão surpreendente,
É uma nova possibilidade que se abre,
Um novo modo de se enxergar,
E se preparar para o que pode vir.
Nesta busca me perco,
E os detalhes me distraem,
Tirando-me a noção do todo,
Do que é divino, profano e acima de tudo essencial.
Esse estágio etéreo, e talvez imutável, pois que seja.
Exaltam os caminhos por onde já passei,
Deixando a mostra tudo o que é plausível,
E daqui em diante?
Não aceito expectativas que não sejam as minhas,
O bem e o mal é apenas um ponto de vista,
Procurar e não encontrar é tolerável.
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► Ruir-se
Nas ruínas indeléveis
Da minha memória
Avisto outras ruínas paralelas,
tão próximas e firmes
que causam impossibilidade,
e o caos se aconchega como criança.
O outro rui,
minha casa rui,
meu cachorro rui,
o Ravel na prateleira rui,
por conseqüência o meu ser também rui,
respiro a poeira que está sob a cômoda.,
tão dissimulada e parada
que contamina e faz o tempo impreciso...
Estar sob a eminência de desabar
Não faz dessas ruínas medrosas,
Mas sim, muito autoconfiantes de si...
Vejo que o jogo se torna impossível
E o que me resta?
Minha visão é o espelho ditador,
o [único] dever é através dele
enxergar um mundo em que nada se mexe.
A brisa que transpassa é inútil...
A lei é continuar.
Continue.

► Pausa
A cada passo
gero um compasso
e o verso se completa.
Melhor dizendo,
se finge completar,
ele é igual ao seu dono...
[imperfeito, insolente, inacabado]
Pausa,
Anda,
Pausa, encontra o eixo, anda pela rua e sente a morte,
O mesmo que chega não é o mesmo que saiu.
Águas do céu borram as verdades
e os segredos escorrem dos meus pés, sujando o caminho.
Os meus rastros compõem uma trajetória,
o caminho só existe quando eu passo...
Os infortúnios trazem alento,
Quero entrar, bater a porta,
e sonhar o que não pode acontecer agora.