Poemas Premiados


-->> III PRÊMIO LITERÁRIO CANON DE POESIA 2010
São Paulo - SP

Poema: PROCURA-SE
Nos campos sinuosos da vida,
Estou à procura,
Sem saber do quê.
A pesquisa do que pode ser
É lenta, dolorosa, reflexiva, e até compensadora...

Cada passo neste caminho tão surpreendente,
É uma nova possibilidade que se abre,
Um novo modo de se enxergar,
E se preparar para o que pode vir.

Nesta busca me perco,
E os detalhes me distraem,
Tirando-me a noção do todo,
Do que é divino, profano e acima de tudo essencial.

Esse estágio etéreo, e talvez imutável, pois que seja.
Exaltam os caminhos por onde já passei,
Deixando a mostra tudo o que é plausível,
E daqui em diante?
Não aceito expectativas que não sejam as minhas,
O bem e o mal é apenas um ponto de vista,
Procurar e não encontrar é tolerável.
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-->> 1º CONCURSO DE POESIA BELACOP LIVROS
São Paulo - SP

Poema: RUIR-SE
Nas ruínas indeléveis
Da minha memória
Avisto outras ruínas paralelas,
tão próximas e firmes
que causam impossibilidade,
e o caos se aconchega como criança.

O outro rui,
minha casa rui,
meu cachorro rui,
o Ravel na prateleira rui,
por conseqüência o meu ser também rui,
respiro a poeira que está sob a cômoda.,
tão dissimulada e parada
que contamina e faz o tempo impreciso...

Estar sob a eminência de desabar
Não faz dessas ruínas medrosas,
Mas sim, muito autoconfiantes de si...
Vejo que o jogo se torna impossível
E o que me resta?

Minha visão é o espelho ditador,
o [único] dever é através dele
enxergar um mundo em que nada se mexe.
A brisa que transpassa é inútil...
A lei é continuar.
Continue.


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Poema: Pausa
A cada passo
gero um compasso
e o verso se completa.

Melhor dizendo,
se finge completar,
ele é igual ao seu dono...
[imperfeito, insolente, inacabado]

Pausa,
Anda,
Pausa, encontra o eixo, anda pela rua e sente a morte,
O mesmo que chega não é o mesmo que saiu.

Águas do céu borram as verdades
e os segredos escorrem dos meus pés, sujando o caminho.

Os meus rastros compõem uma trajetória,
o caminho só existe quando eu passo...
Os infortúnios trazem alento,
Quero entrar, bater a porta,
e sonhar o que não pode acontecer agora.


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-->> PRÊMIO SESC DE POESIA CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE (SESC-DF)
Brasilia-DF
(Finalista)

Poema: Vocalidades
As palavras pecam
pelo excesso de sinceridade.
Como um ‘repeat’ quebrado
as facetas de uma mesma voz
me enlouquecem...

As nuances trazem
a fragilidade como sub-texto,
e mais uma vez
acredito em tudo,
atribuindo um atestado de
                                                 [confiança].

O tempo, o vento e a vida
não permitem que as palavras fiquem,
apontam para o lado
                                     [oposto]
e esperam a minha reação.

Ah! Se ao cessar dos olhos
o silêncio fosse pleno.
Não foi, não é e nunca será.
O que é vivo no coração
lateja por todos os poros em ondas sonoras de esperança.


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