domingo, 24 de abril de 2011

Ivone Mamede Martins - um bairro, uma vida

HUMBERTTO, Eduardo. Ivone Mamede Martins - um bairro, uma vida. Jornal Fundinho Cultural. pg 08. Abril/2011, Ano VIII. Uberlândia-MG.

Quem se interessa pelo bairro Fundinho - seja como história concreta da cidade ou um ambiente acolhedor para se estar - tem a consciência da importância da memória oriunda das pessoas que construíram o espaço físico e também afetivo que hoje o bairro representa para seus moradores e admiradores.

Há 85 anos nascia na rua 13 de maio (atual Av. Princesa Isabel), uma das moradoras mais antigas e fiéis do bairro, D. Ivone Mamede Martins. Filha de Maria Rosa Conceição e José Pedro Mamede, seu pai era sapateiro e trabalhava no boteco do Chico Mamede (seu irmão), ao lado da antiga ‘Farmácia do Álvaro’ (atual esquina da rua XV de novembro com rua Felisberto Carrejo).

As memórias mais remotas que D. Ivone sempre se recorda são de quando ainda jovem passeava com a mãe para olhar as vitrines do bairro, que naquela época já davam indícios do futuro de comércio borbulhante, e também de freqüentar os cinemas, que era o grande divertimento e distração da época.

D. Ivone se casou ainda bem cedo com 21 anos de idade com João Martins da Silva (in memoriam), filho do senhor Messias e de D. Maria Tôca, desta união nasceram dois filhos, e mais tarde oito netos e doze bisnetos. Seu marido era funcionário do DER-MG, e faleceu em decorrência de uma doença neurológica, ela teve bastante apoio da família durante este período difícil.

Quanto à sua residência de maior permanência durante a vida, foi na rua Vigário Dantas em frente ao Colégio Federal, em um conjunto de casas tombado pelo patrimônio histórico municipal, trata-se de uma construção muito antiga, e que nos diz bastante dos primórdios da arquitetura em nossa cidade e região. Atualmente ela reside na Av. Princesa Isabel na divisa com o bairro Tabajaras.

Em depoimento, D. Ivone afirma: “Gosto muito daqui, adoro o bairro Fundinho, nunca tive vontade de morar em outro lugar”. E quando indagada sobre o Fundinho do passado, ela relembra: “Antigamente era bom, a gente podia sentar na porta de casa, conversar mais com os vizinhos... hoje é tudo fechado, quase não nos vemos”.

É de extrema importância para o registro da história que pessoas com tamanha ligação com o objeto de nosso apreço como D. Ivone sejam ouvidas e mais ainda, sejam instigadas a contribuírem para a perpetuação de uma memória individual quando ela se torna coletiva, pois será de onde as futuras gerações vão subsidiar compreensões e reflexões sobre o nosso tempo, espaço e conquistas reais.

Eduardo Humbertto
Sobrinho-neto de D. Ivone

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