quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

Condenação


Ouvi seus passos,
corri na direção da porta,
me assustei com a sua imagem,
o longe que parecia se aproximar,
estava ainda mais distante...

Intui a sua mensagem,
mas não me permitiu escrevê-la...
A leitura não era lápis-papel,
e sim, olho no olho,
presença com presença,
e todos os sub-textos possíveis.

Eu e o poema
nos transpassamos numa via de mão dupla,
nas voltas do relógio o reencontro é inevitável.
Se ele soubesse que cá escrevo
e que sua aparição virou poesia,
estou condenado a ser poeta.

Sou o poeta agraciado
com a condenação das palavras não ditas,
dos sentimentos não preenchidos,
das dores abafadas,
e dos amores incuráveis.

A sentença não poderia ser melhor:
Escrever, escrever, escrever...
Tornar a efemeridade visível ao futuro,
e dela fazer o meu melhor instrumento de trabalho.

Por isso, arrisco e escrevo...
as dores se acalmam,
minhas palavras são ditas,
os sentimentos se reconfortam
e os amores se tornam bençãos.

Nenhum comentário: